quinta-feira, 11 de julho de 2013

UM PROJETO QUE VAI ALÉM DO SOCIAL


Técnico Écio Rodrigues da CFAF (no centro)
FERNANDO BARROS/BLOG DE PRIMEIRA
Há muito que o futebol é mais do que mera opção de lazer ou puro entretenimento. A modalidade mais praticada do mundo é capaz não apenas de mexer com a paixão de seus praticantes e espectadores. Para muitos jovens, o esporte bretão é uma das poucas, ou talvez a única, oportunidade de sonhar com um futuro melhor. Principalmente no Brasil, nação acostumada a ver milhares de crianças deixarem a linha de pobreza graças ao talento com a bola nos pés.
E a prática deste desporto costuma ser utilizada em projetos sociais, seja para lapidar futuros astros ou, também, para formar cidadãos de bem. Esse é o caso do Centro de Formação de Atletas de Futebol, uma iniciativa que reúne garotos de comunidades carentes do município de Rio Formoso, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. O programa, que conta com a parceria e colaboração da Usina Cucaú, será representado pela equipe sub-18, a partir desta quinta-feira, na primeira edição da Copa Internacional Liverpool que acontecerá entre os próximos dias 11 e 19 de julho, em Agudos do Sul, no Paraná.
Centro de Formação de Atletas de Futebol será o único participante de Pernambuco no torneio, que reunirá equipes sub-18 de clubes como Joinville, Criciúma, Atlético – PR, Coritiba, entre outros. Coordenador desde o início do projeto, iniciado há quatro anos, Écio Rodrigues, mais conhecido como Ferreira, tem larga experiência como auxiliar e também como treinador em times da região Nordeste.
E, ao lado do auxiliar Aílson Ferreira, treina os 120 atletas do centro, que conta com quatro times masculinos e um feminino, formado por 16 garotas, com a colaboração da Usina Cucaú, que disponibiliza o campo para treinos e aulas. “Trabalhamos com meninos dos municípios de Rio Formoso e de Gameleira. A maioria deles é formada por filhos de funcionários da usina, mas a gente abre as portas para qualquer um que venha das comunidades daqui”, explica o técnico, que garante cobrar um bom desempenho escolar de seus alunos.
“No início, a ideia era revelar garotos do interior, mas, com o passar do tempo a gente viu que esse projeto poderia ter uma função social. Nós ficamos no pé dos meninos para que eles tirem boas notas e nunca tivemos uma reprovação durante quatro anos”, orgulha-se.
E Ferreira mostra-se tão ou mais empolgado que os garotos com o convite para o torneio. A euforia se explica: “No ano passado a nossa equipe sub-17 ficou em sétimo lugar no Campeonato Pernambucano Juvenil e, nesse ano, a gente foi campeão da Copa Novos Talentos, que acontece todo ano na cidade de Bonito (no agreste pernambucano). Esse desempenho foi o que chamou a atenção para a gente”, relembra o técnico, vislumbrando voos altos para os seus comandados.
“A expectativa é, primeiramente, fazer uma competição boa e, quem sabe, revelar alguém no campeonato, já que eu soube que alguns olheiros, tanto do Brasil quanto da Europa estarão lá. É a primeira competição que eles vão disputar fora do Estado e, para muitos, pode ser a oportunidade de se conseguir algo melhor. O nosso artilheiro, Jorge Luiz, por exemplo, tem 17 anos e é filho de cortador de cana. O futuro dele seria seguir os passos do pai, mas o futebol pode dar uma oportunidade de vida que ele não teria”, idealiza Ferreira, já colhendo os primeiros frutos do projeto social.

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