Técnico Écio Rodrigues da CFAF (no centro) |
FERNANDO BARROS/BLOG DE PRIMEIRA
Há muito que o futebol é mais do que mera opção de lazer ou puro
entretenimento. A modalidade mais praticada do mundo é capaz não apenas
de mexer com a paixão de seus praticantes e espectadores. Para muitos
jovens, o esporte bretão é uma das poucas, ou talvez a única,
oportunidade de sonhar com um futuro melhor. Principalmente no Brasil,
nação acostumada a ver milhares de crianças deixarem a linha de pobreza
graças ao talento com a bola nos pés.
E a prática deste desporto costuma ser utilizada em projetos sociais,
seja para lapidar futuros astros ou, também, para formar cidadãos de
bem. Esse é o caso do Centro de Formação de Atletas de Futebol, uma
iniciativa que reúne garotos de comunidades carentes do município de Rio
Formoso, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. O programa, que conta com a
parceria e colaboração da Usina Cucaú, será representado pela equipe
sub-18, a partir desta quinta-feira, na primeira edição da Copa
Internacional Liverpool que acontecerá entre os próximos dias 11 e 19 de
julho, em Agudos do Sul, no Paraná.
Centro de Formação de Atletas de Futebol será o único participante de
Pernambuco no torneio, que reunirá equipes sub-18 de clubes como
Joinville, Criciúma, Atlético – PR, Coritiba, entre outros. Coordenador
desde o início do projeto, iniciado há quatro anos, Écio Rodrigues, mais
conhecido como Ferreira, tem larga experiência como auxiliar e também
como treinador em times da região Nordeste.
E, ao lado do auxiliar Aílson Ferreira, treina os 120 atletas do
centro, que conta com quatro times masculinos e um feminino, formado por
16 garotas, com a colaboração da Usina Cucaú, que disponibiliza o campo
para treinos e aulas. “Trabalhamos com meninos dos municípios de Rio
Formoso e de Gameleira. A maioria deles é formada por filhos de
funcionários da usina, mas a gente abre as portas para qualquer um que
venha das comunidades daqui”, explica o técnico, que garante cobrar um
bom desempenho escolar de seus alunos.
“No início, a ideia era revelar garotos do interior, mas, com o
passar do tempo a gente viu que esse projeto poderia ter uma função
social. Nós ficamos no pé dos meninos para que eles tirem boas notas e
nunca tivemos uma reprovação durante quatro anos”, orgulha-se.
E Ferreira mostra-se tão ou mais empolgado que os garotos com o
convite para o torneio. A euforia se explica: “No ano passado a nossa
equipe sub-17 ficou em sétimo lugar no Campeonato Pernambucano Juvenil
e, nesse ano, a gente foi campeão da Copa Novos Talentos, que acontece
todo ano na cidade de Bonito (no agreste pernambucano). Esse desempenho
foi o que chamou a atenção para a gente”, relembra o técnico,
vislumbrando voos altos para os seus comandados.
“A expectativa é, primeiramente, fazer uma competição boa e, quem
sabe, revelar alguém no campeonato, já que eu soube que alguns olheiros,
tanto do Brasil quanto da Europa estarão lá. É a primeira competição
que eles vão disputar fora do Estado e, para muitos, pode ser a
oportunidade de se conseguir algo melhor. O nosso artilheiro, Jorge
Luiz, por exemplo, tem 17 anos e é filho de cortador de cana. O futuro
dele seria seguir os passos do pai, mas o futebol pode dar uma
oportunidade de vida que ele não teria”, idealiza Ferreira, já colhendo
os primeiros frutos do projeto social.
Nenhum comentário:
Postar um comentário